Diferentemente de todos os seres
vivos, os vírus são acelulares, ou seja, não são constituídos por células.
Eles são extremamente pequenos (medem menos de 200 nm de diâmetro) e de
estrutura muito simples, pois possuem apenas uma cápsula, constituída de
proteínas (capsídio), no interior da qual se encontram uma ou mais moléculas de
ácido nucleico.
Em alguns casos, além das
moléculas de proteínas, o capsídio pode conter um revestimento de lipídios ou
de glicoproteínas. Quanto ao ácido nucleico alguns vírus apresentam DNA, como
é o caso dos adenovírus, causadores do resfriado, e dos bacteriófagos, vírus
que atacam bactérias. Já nos vírus da gripe e no HIV, causador da
AIDS, é encontrado RNA.
Os vírus são sempre parasitas
intracelulares, por serem incapazes de fabricar ou de degradar substâncias. Ao
invadirem as células de diversos seres vivos, causam alterações em seu
funcionamento, podendo inclusive levar à morte celular. Além das que já foram
citadas, muitas outras doenças humanas são causadas por vírus, entre elas, a
febre amarela, a dengue, a poliomielite, etc.
Vírus HIV atacando leucócito.
Bacteriófagos
Os vírus foram descobertos em
1892 por Dimitri Iwanowsky, biólogo russo que trabalhava com uma doença da
planta de fumo. Ele percebeu que o agente causador dessa doença devia ser um
organismo tão pequeno que não podia ser visto ao microscópio óptico - e
atravessava filtros finíssimos.
Outros pesquisadores estudaram agentes
causadores de doenças, com as mesmas características daqueles estudados por
Iwanowsky, mas foi só a partir de 1932, com o desenvolvimento do microscópio
eletrônico, que esses agentes puderam ser visualizados.
Até hoje persiste uma discussão
entre os cientistas, a respeito do fato de os vírus serem seres vivos ou não.
Muitos cientistas os consideram apenas como partículas infecciosas, pelo fato
de serem acelulares e por não manifestarem nenhuma atividade vital quando se
encontram fora de células. Outros defendem que eles são seres vivos
extremamente econômicos, já que reduziram ao máximo as funções vitais, mantendo
apenas a característica mais típica da vida, que é a capacidade de reprodução.
A reprodução dos vírus
Para se reproduzirem, os vírus
precisam infectar células, introduzindo o seu material genético no interior
delas. Esse processo tem início quando o vírus adere à parede celular ou à
membrana, ligando-se a certas moléculas receptoras, existentes na superfície
das células.
Alguns vírus atacam as células,
invadindo-as com o capsídio, e outros injetam nelas apenas o seu material
genético. Mas o fato é que, uma vez no seu interior, o vírus passa a controlar
o metabolismo da célula infectada, inativando a maior parte dos genes e
utilizando-se das substâncias existentes no interior da célula, a fim de
multiplicar seu próprio material genético e fabricar capsídios para os novos
vírus gerados:
Esquema representativo da
especificidade dos vírus: moléculas presentes no capsídio são capazes de se
ligar a receptores na membrana da célula hospedeira.
No caso de vírus como os
bacteriófagos, cujo material genético é o DNA, a reprodução pode ocorrer de
duas formas. Em uma delas, o DNA começa a se multiplicar imediatamente após ser
injetado na célula hospedeira e, ao mesmo tempo, tem início a síntese das proteínas
que formarão os capsídios dos novos vírus formados. Assim que a bactéria
estiver repleta de vírus, rompe-se sua parede celular e os vírus são liberados,
podendo infectar muitas outras bactérias e reiniciar o ciclo.
Muitas vezes, no entanto, ao invés
de se multiplicar assim que invade a célula, o DNA do bacteriófago incorpora-se
ao DNA da bactéria, sendo chamado de provírus. Nesse caso, os genes
bacterianos não são inativados e o provírus duplica-se juntamente com o DNA
bacteriano. E, dessa forma, é herdado pelas células-filhas da bactéria
infectada.
Também nos vírus que possuem RNA
como material genético pode haver diferenças no ciclo viral. Nos vírus
causadores da gripe, por exemplo, assim que invadem a célula, tem início a
multiplicação de seu RNA e a síntese das proteínas que farão parte dos
capsídios. Ao deixar a célula infectada, os vírus da gripe não causam
necessariamente a sua morte, mas carregam consigo fragmentos da membrana
celular que formarão um envoltório lipoprotéico do capsídio.
Já nos chamados retrovírus,
além das moléculas de RNA, o capsídio envolve algumas moléculas de uma enzima
chamada transcriptase reversa, que, uma vez no interior da célula, atuará
na fabricação de DNA a partir do RNA viral. Portanto, o contrário do que ocorre
durante o processo de transcrição que ocorre nas células.
Um exemplo bastante conhecido de
retrovírus é o HIV, causador da AIDS, que ataca os linfócitos T auxiliadores,
células de nosso sistema imunológico. O DNA, produzido a partir do RNA viral,
penetra no núcleo do linfócito e integra-se a um dos cromossomos (provírus); e,
dessa forma, comanda a fabricação de novas moléculas de RNA viral e da enzima
transcriptase reversa - e, portanto, a fabricação das proteínas dos capsídios e
a origem de novos vírus. Os novos vírus formados são expelidos das células e
podem infectar outras.
Embora, em geral, os vírus sejam
lembrados por serem causadores de doenças, é bom saber que eles têm sido usados
em muitas das pesquisas em Biologia Molecular e Engenharia
Genética. É o caso, por exemplo, de certos bacteriófagos, usados para
introduzir em bactérias determinados genes para a produção, pelas bactérias
recombinantes, de substâncias de interesse médico ou econômico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário