Aves - vertebrados homeotermos com corpo coberto por penas
As aves (latim científico: Aves) constituem uma
classe de animais vertebrados, tetrápodes, endotérmicos, ovíparos,
caracterizados principalmente por possuírem penas, apêndices locomotores
anteriores modificados em asas, bico córneo e ossos pneumáticos. São
reconhecidas aproximadamente 9.000 espécies de aves no mundo.
As aves conquistaram o meio terrestre de modo muito
mais eficiente que os répteis. A principal característica que permitiu essa
conquista foi, sem dúvida, a homeotermia, a capacidade de manter a temperatura
corporal relativamente constante à custa de uma alta taxa metabólica gerada
pela intensa combustão de alimento energético nas células.
Essa característica permitiu às aves, juntamente com
os mamíferos, a invasão de qualquer ambiente terrestre, inclusive os
permanentemente gelados, até então não ocupados pelos outros vertebrados.
As aves variam muito em seu tamanho, dos minúsculos
beija-flores a espécies de grande porte como o avestruz e a ema. Note que todos
os pássaros são aves, mas nem todas as aves são pássaros.
Os pássaros estão incluídos na ordem Passeriformes,
constituindo a ordem mais rica, ou seja, com maior número de espécies dentro do
grupo das aves.
Enquanto a maioria das aves são caracterizadas pelo
vôo, as ratitas não podem voar ou apresentam vôo limitado, uma característica
considerada secundária, ou seja, adquirida por espécies "novas" a
partir de ancestrais que conseguiam voar.
Muitas outras espécies, particularmente as insulares,
também perderam essa habilidade. As espécies não-voadoras incluem o pinguim,
avestruz, quivi, e o extinto dodo. Aves não-voadoras são especialmente
vulneráveis à extinção por conta da ação antrópica direta (destruição e
fragmentação do habitat, poluição etc.) ou indireta (introdução de
animais/plantas exóticos, mamíferos em particular).
A
circulação
Uma característica que favorece a homeotermia nas
aves é a existência de um coração totalmente dividido em quatro cavidades: dois
átrios e dois ventrículos.
Não ocorre mistura de sangues. A metade direita
(átrio e ventrículo direitos) trabalha exclusivamente com sangue pobre em
oxigênio, encaminhando-o aos pulmões para oxigenação. A metade esquerda
trabalha apenas com sangue rico em oxigênio. O ventrículo esquerdo, de parede
musculosa, bombeia o sangue para a artéria aorta. Assim, a todo o momento, os
tecidos recebem sangue ricamente oxigenado, o que garante a manutenção
constante de altas taxas metabólicas. Esse fato, associado aos mecanismos de
regulação térmica, favorece a sobrevivência em qualquer tipo de ambiente. A
circulação é dupla e completa.
A
respiração: pulmões e sacos aéreos
O sistema respiratório também contribui para a
manutenção da homeotermia. Embora os pulmões sejam pequenos, existem sacos
aéreos, ramificações pulmonares membranosas que penetram por entre algumas
vísceras e mesmo no interior de cavidades de ossos longos.
A movimentação constante de ar dos pulmões para os
sacos aéreos e destes para os pulmões permite um suprimento renovado de
oxigênio para os tecidos, o que contribui para a manutenção de elevadas taxas
metabólicas.
A pele das aves é seca, não-dotada de glândulas e
rica em queratina que, em alguns locais do corpo, se organiza na forma de
placa, garras, bico córneo e é constituinte fundamental das pernas.
As aves não têm glândulas na pele. No entanto, há uma
exceção: a glândula uropigial (ou uropigiana), localizada na porção
dorsal da cauda e cuja secreção oleosa lubrificante é espalhada pela ave, com o
bico, nas penas. Essa adaptação impede o encharcamento das penas em aves
aquáticas e ajuda a entender por que as aves não se molham, mesmo que fiquem
desprotegidas durante uma chuva.
Exclusividade das aves: corpo coberto por penas
Digestão e
excreção em aves
As aves consomem os mais variados tipos de alimentos:
frutos, néctar, sementes, insetos, vermes, crustáceos, moluscos, peixes e
outros pequenos vertebrados. Elas possuem um sistema digestivo completo,
composto de boca, faringe, esôfago, papo, proventrículo, moela, intestino,
cloaca e órgãos anexos (fígado e pâncreas).
Ao serem engolidos os alimentos passam pelafaringe,
pelo esôfago e vão para o papo, cuja função é armazenar e
amolecer os alimentos. Daí eles vão para o proventrículo, que é o estômago
químico das aves, onde sofrem a ação de sucos digestivos e começam a ser
digeridos. Passam então para a moela (estômago mecânico) que tem paredes grossas
e musculosas, onde os alimentos são triturados.
Finalmente atingem o intestino, onde as substâncias
nutritivas são absorvidas pelo organismo. Os restos não aproveitados
transformam-se em fezes.
As aves possuem uma bolsa única, a cloaca, onde
desembocam as partes finais do sistema digestivo, urinário e reprodutor e que
se abre para o exterior. Por essa bolsa eles eliminam as fezes e a urina e
também põem os ovos.
Sistema
Reprodutor
Diferentes de seus parentes répteis, que às vezes dão
à luz a seus filhotes, todas as espécies de aves põem ovos. Apesar dos ovos
parecerem bastante frágeis, seu formato oval oferece grande resistência e eles
podem suportar grandes pressões sem quebrar. Como os ovos são pesados e
incômodos de carregar, as fêmeas colocam os ovos assim que são fertilizadas,
quase sempre em um ninho construído para proteger o ovo contra predadores e
para mantê-lo aquecido durante o desenvolvimento do embrião.
Diferentes espécies de aves põem números diferentes
de ovos – os pinguins normalmente põem um único ovo, enquanto o chapim azul
europeu põe entre 18 e 19 ovos. A construção de um ninho é uma das grandes
façanhas de design e engenharia do reino animal. Espécies diferentes mostram
uma diversidade extraordinária na construção de seus ninhos. Algumas aves
constroem ninhos minúsculos tão bem escondidos, que nem mesmo o caçador mais
determinado pode encontrá-los, mas outras espécies constroem ninhos enormes,
altamente visíveis, que elas defendem corajosamente contra qualquer criatura
que se aproxime.
Os cisnes frequentemente constroem ninhos com vários
centímetros de diâmetro, enquanto que Oscopus umbretta africano constrói
ninhos em forma de cúpula, que podem pesar até 50 quilos, levando várias
semanas para serem construídos. Os pássaros usam uma grande variedade de
materiais para construir seus ninhos.
Algumas espécies usam apenas galhos e ramos para construir
os tipos de ninhos normalmente vistos em jardins e cercas vivas. Outras usam um
pouco de tudo: de folhas a penas, de barro a musgos, e até mesmo objetos feitos
pelo homem, como papel laminado.
O Collocalia maxima do sudeste da Ásia faz
seus ninhos inteiramente de sua própria saliva, e os constrói nos tetos de
cavernas. Nem todas as aves constroem ninhos. O cuco, em particular, usa o
ninho de outras aves em vez de construir o seu. A fêmea voa rapidamente para um
ninho apropriado, retirando um dos ovos da “hospedeira” e coloca seu próprio
ovo, normalmente do mesmo tamanho e forma do que ela retirou. O pinguim
imperador sequer usa um ninho: ele coloca seu seu único ovo diretamente sobre
neve, e o incuba com a temperatura de seu corpo.
Adaptações
ao vôo
No seu caminho evolutivo, as aves adquiriram várias
características essenciais que permitiram o vôo ao animal. Entre estas podemos
citar:
Endotermia
Desenvolvimento das penas
Aquisição de ossos pneumáticos
Perda, atrofia ou fusão de ossos e órgãos
Aquisição de um sistema de sacos aéreos.
Postura de ovos
Presença de quilha, expansão do osso esterno, na qual
se prendem os músculos que movimentam as asas
Ausência de bexiga urinária
As penas, consideradas como diagnóstico das aves
atuais, estão presentes em outros grupos de dinossauros, entre eles o
próprio Tyrannosaurus rex. Estudos apontam que a origem das penas se deu a
partir de modificações das escamas dos répteis, tornando-se cada vez mais
diferenciadas, complexas e, posteriormente, vieram a possibilitar os vôos
planado e batido.
Acredita-se que as penas teriam sido preservados na
evolução por seu valor adaptativo, ao auxiliar no controle térmico dos
dinossauros – uma hipótese que aponta para o surgimento da endotermia já em
grupos mais basais de Dinosauria (com relação às aves) e paralelamente com a
aquisição da mesma característica por répteis Sinapsida, que deram origem aos
mamíferos.
Os ossos pneumáticos também são encontrados
em outros grupos de répteis. Apesar de serem ocos (um termo melhor seria
"não-maciços"), os ossos das aves são muito resistentes, pois
preservam um sistema de trabéculas ósseas arranjadas piramidalmente em seu
interior.
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